Essa é minha primeira experiência com a escrita de Aline Bei, e devo confessar que foi uma grata surpresa me deparar com algo tão denso, mas ao mesmo tempo poético e envolvente.
Ganhei esse livro do meu amigo e colaborador aqui do blog, Ronaldo. E, com certeza ele sabia o que estava fazendo quando me deu esse livro. Por me conhecer tão bem e do meu gosto por livros com um teor dramático mais afiado, ele sabia que eu iria me envolver, emocionar e ficar "de cara", assim como eu fiquei.
A pequena coreografia do adeus me tocou profundamente, especialmente pela sua escrita, que é bem distinta do que eu estava habituada a ler, o livro me tirou completamente da minha zona de conforto. De uma forma quase poética, somos transportados para um ambiente inóspito e difuso. A história nos é apresentada em várias camadas e revela que muitas vivências não são tão exclusivas quanto aparentam.
A narrativa é leve e, embora aborde assuntos pesados, é fácil se perder na história e você se vê lendo tudo de uma só vez, sem pausas e sem perceber o termino da obra. O livro conta a trajetória de Júlia, uma jovem que cresce em um ambiente familiar conturbado, com uma mãe que tem dificuldades de se expressar, amarga e cruel e um pai ausente. A obra reflete com precisão a realidade da vida, mostrando que, independentemente das circunstâncias, problemas e desafios, a vida continua a fluir, e pode nos levar para caminhos sombrios e traiçoeiros.
Ao ler "A pequena coreografia do adeus" tive a sensação de entrar na mente de Júlia e confrontar uma dinâmica familiar disfuncional, encontrando uma criança que, assim como ela, poderia ser muitas outras Júlias, de várias formas, aspectos e, claro, sentimentos.
A maneira como a narrativa se desenrolou foi brilhante; acompanhar o crescimento da personagem, de maneira sutil, me cativou de diversas formas.
A obra explora questões importantes como o abandono, a violência emocional, a busca incessante pela individualidade e o autoconhecimento. Através de sua escrita diferenciada a autora nos brinda com um enredo que combina prosa e poesia, mesclando temas fortes com a simplicidade da poesia de uma maneira que envolve o leitor de forma inusitada.
Ainda estou embasbacada com tanta "realidade", jogada em nós de forma crua e sem doses homeopáticas. Em diversos momentos tive vontade de embalar Julia em meu colo, e mesmo sentindo toda a sua dor, consegui me ver, tomar para mim suas mágoas e em alguns momentos chorar com ela tentando expurgar suas aflições.
Uma bela obra, escrita de forma leve, com lágrimas em suas entrelinhas. Amei!
Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares.Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas indeléveis.
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