Em "Os corações perdidos", a escrita afiada de Celeste Ng nos conduz por um EUA distópico, onde os asiáticos-americanos são perseguidos, encurralados e vistos como a decadência social e econômica do país.
Acompanhamos então o jovem Bird, cuja mãe, uma poeta acusada de incitar protestos, sumiu sem deixar rastros. Vivendo com o pai, ele cresce em um ambiente familiar onde a ausência é uma presença constante.
Até o dia em que recebe uma misteriosa carta que o levará a uma busca por si mesmo e pelas memórias de afeto que, em algum lugar, insistem em florescer em seu coração.
A obra me despertou o interesse justamente pelo viés distópico, mas a surpresa (boa!) foi encontrar um drama familiar que prende do início ao fim, com passagens dolorosas e igualmente lindas no percurso narrativo do protagonista.
Bird é daqueles personagens que temos vontade de abraçar e proteger; ele causa empatia pela inocência velada, pelas escolhas impensadas e pela ingenuidade intrinsecamente impressa nos seus traços de personalidade. Sua busca acaba sendo também a nossa busca, e somos levados, em cada página, por sua ânsia para encontrar a mãe.
Paralelo, o narrador vai nos apresentando características daqueles EUA pautado pelo racismo, pela xenofobia e pela vigilância constante e repressora.
Nesta construção de mundo, é perceptível as inspirações em distopias clássicas como 1984 (o uso da linguagem) e Fahrenheit 451 (o controle do acesso aos livros).
O livro é bem diferente de "Pequenos incêndios por toda parte", mas é possível encontrar a mesma autenticidade autoral, fluidez narrativa e surpresas distribuídas ao longo de roda a história.
É emocionante e, por vezes, me deixou em lágrimas!
Boa leitura!
Depois de anos de instabilidade econômica e violência, o governo dos Estados Unidos criou leis para preservar a “cultura norte-americana”. Sob a justificativa de manter a paz e restaurar a prosperidade, as autoridades passaram a retirar a guarda dos filhos de qualquer pessoa que se oponha à nova legislação — especialmente as de origem asiática — e a forçar as bibliotecas a recolher livros considerados antipatrióticos.Bird Gardner nunca questionou as decisões do governo e sabe que não deve fazer perguntas nem chamar atenção. O menino de doze anos leva uma vida tranquila com o pai, um ex-linguista que agora trabalha numa biblioteca universitária. Sua mãe, Margaret, uma poetisa sino-americana, largou a família sem deixar rastros quando o filho tinha nove anos.Bird não sabe o que aconteceu com a mãe e por que ela foi embora, mas, quando recebe uma misteriosa carta contendo apenas um desenho, ele suspeita que ela esteja envolvida e decide investigar. Sua busca por respostas o levará até Nova York, onde descobrirá muito mais do que ele imaginava sobre a mãe.
Ronaldo!
ResponderExcluirUm livro sobre problemas familiares, diante de uma sociedade americana em época de preconceito deve ser muito interessante, ainda mais se puder abordar como a ausência materna mexeu com o protagonista e todo mistério que envolve o livro.
cheirinhos
Rudy
Olá! Assustador é saber que essa distopia pode não estar tão longe assim da nossa realidade, ainda mais quando o assunto são os EUA, mas pelo jeito a leitura foca bem mais do que isso e nos entrega também essa questão da família, fiquei curiosa (para variar), como a história vai se desenrolar, principalmente por conta do protagonista ser tão jovem.
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