Bruxas é um livro enigmático; de certo modo, sua magia vem, exatamente, do modo como se apresenta ao leitor, com duas histórias que vão, página a página, se entrelaçando – sem pressão e deslizantes.
Alternando capítulos, a narrativa nos conduz pelas vidas de Zoé, uma jornalista, e Feliciana, esta uma espécie tipo de “bruxa”, curandeira, nascida para A Linguagem.
Após o assassinato de Paloma, prima de Feliciana, a obra se abre para o encontro dessas mulheres, tão diferentes e parecidas entre si. Uma, criada na atribulação da metrópole; outra, em um pequeno e quase que inacessível povoado.
A princípio, estranha-se o modo como as coisas de dão. Afinal, quais são os propósitos dessas protagonistas? O que as move, especialmente uma em direção a outra?
Ao longo desse caminho narrativo labiríntico, a autora explora os atravessamentos se Zoé, que conversam – direta ou indiretamente – com as vivências de Feliciana.
Sobretudo, assombra realidades tão distintas nutrirem semelhanças tão indissociáveis.
Bruxas toca em temas sensíveis, como abort0, violência de gênero, estupro e muitos outros assuntos caros à um debate social importante.
Mesmo sem grandes sobressaltos ou momentos de clímax, o livro se sustenta pelo que não diz (pois entende-se) e pelo que diz – sem medo de dizer.
Especialmente os capítulos de Feliciana, que se derramaram em uma linguagem original, bonita, experimentativa e certeira, me tocaram muito – e me levaram pras histórias que eu ouvia da minha avó.
Um livro importante, que comove e reforça a urgência de narrativas que sacodem as expectativas.
Boa leitura!
Primeira mulher em uma linhagem de curandeiros homens, Feliciana é conhecida dentro e fora do México por seus feitos prodigiosos. Ricos, pobres, famosos, pessoas comuns -- adoecidos de toda sorte peregrinam até o povoado de San Felipe, escondido em meio às montanhas, na esperança de se verem livres de suas enfermidades. No entanto, quando é informada do assassinato de sua mentora Paloma, repentinamente Feliciana perde seus poderes.O caso chama a atenção de Zoé, jornalista que vive na metrópole mexicana. Interessada em compreender o assassinato de Paloma e, ao mesmo tempo, curiosa para conhecer Feliciana, Zoé decide entrevistá-la para o jornal onde trabalha.Se, na superfície, as realidades de Feliciana e Zoé não poderiam ser mais diferentes, o desenrolar de seus depoimentos revela um conjunto semelhante de medos, anseios, violências e afetos. Ao aproximar essas duas vozes tão singulares com sua prosa impecável, Brenda Lozano cria uma reflexão profunda acerca de tradições ancestrais, das pequenas subversões do dia a dia e, sobretudo, do poder arrebatador da linguagem.
Um livro que não conhecia, mas que traz um tema que me fascina!!!Bruxas!!!Amo esse mistério que as norteia e pelo que pude absorver acima, o ponto alto dessa história, é esse mistério que as envolve!!!
ResponderExcluirCom toda certeza, vai pra listinha de mega desejados!!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel
Olá! Já gostei do livro só pelo título, daí lendo a resenha a gente perceber que a história também tem tudo para nos entregar uma leitura daquelas difíceis, sensível e ao mesmo tempo reflexiva que nos faz (re) pensar e muito.
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