Muitas definições atravessam essa obra monumental de Carten Henn, mas nenhuma delas traduz a experiência e grandiosidade que o livro proporciona ao leitor: o próprio amor pelo livro enquanto objeto, pelo ato de ler, pelas inúmeras possibilidades de escrita - e reescrita.
Em uma metalinguagem fantástica, o autor debruça sua capacidade imaginativa em uma narrativa aparentemente simples e corriqueira, convidando-nos a um passeio por uma pequena vila figurativa situada na Alemanha, na qual Carl, seu protagonista, presta um serviço excepcional como livreiro. Ao entregar os livros na casa dos leitores, ele também entrega parte de si, parte do mundo, parte do que o leitor espera viver.
Mas, já cansado e velho, ele vê seu trabalho se tornar, dia a dia, mais obsoleto, menos essencial para a moça gerência da livraria. Com a perspectiva quase minguada, o livreiro conhece Schascha, uma garotinha que irá mudar tudo: a forma como ele vê as necessidades das pessoas, as histórias que elas leem e as que, indispensavelmente, elas precisam. E, como dizem, o resto é história.
O livro é lindo, delicado, vagaroso, com passos precisos e um ritmo perfeito. O tom certo, a precisão dos diálogos e o deleite que transborda das páginas transportam o leitor para aquele lugarzinho "perdido no mundo", um espaço magnético, mágico, encantador. A cada capítulo - nomeado como grandes clássicos da literatura mundial - o autor abre portas para que exploremos um lugar íntimo e novo dos personagens, com metáforas que conduzem a narrativa de um jeito impressionantemente original.
E a própria obra é uma ode ao prazer da leitura; ao livro, ao poder que as palavras escritas têm. A necessidade da permanência do livro como um espaço/tempo único ao ser lido, sentido, experimentado. Do começo ao fim, tornamo-nos Carl, tão cheio de esperanças, tão encantado com o que o livro oferta toda vez que é lido, repassado, compartilhado.
É, sem dúvidas, uma leitura indispensável para quem ama livros; para quem não abre mão de uma boa história e para quem, assim como Carl e Schascha, acredita que um livro, quando lido, transforma a realidade.
Boa leitura!
Do alto de seus 72 anos, ainda é com bastante vigor e alegria que, todas as tardes, Carl Kollhoff sai para entregar os livros encomendados por seus clientes mais especiais. Tão fiel à tarefa quanto os ponteiros de um relógio, o livreiro da tradicional Ao Portão da Cidade percorre as pitorescas ruas da região e, como nas páginas de seus preciosos livros, observa o mundo real e seus habitantes também por uma ótica lúdica e imaginativa.
Ronaldo!
ResponderExcluirDeve ser linda essa história, um idoso fazendo leituras importantes ao lado de um criança... imagina o tanto de experiências que são trocadas?!...
Um livro encantador eparece bem lúdico.
cheirinhos
Rudy
Ronaldo, acho que nós leitores temos um pouquinho do Carl, em todas as nossas leituras deixam marcas em nós mesmos, empressadas no mundo e nas pessoas ao nosso redor como você bem pontuou e às vezes todas experiências por causarem uma sinestesia de sentidos geram em nós também aspectos negativos, quando ficamos de "ressaca literária" ou quando um livro mexer tanto conosco pela relação pessoal que nos conecta a ele e não conseguimos prosseguir (como o Carl que não se vê mais útil para a população). Bom, é quando vem essa menina, a nossa capacidade imaginativa e a motivação intrínseca dentro de nós de continuar fazer o que amamos: ler. De fato, já tinha visto esse livro, porém não lido, sua resenha me causou essa linda impressão. Com certeza, vou adicioná-lo em "Quero ler" na aba do meu Skoob. Mal posso esperar. Muito obrigada pela resenha, parece uma leitura bem marcante. Cheirinho de livro novo.
ResponderExcluirOlá! Acredito que essa seja quase que uma leitura obrigatória hein, principalmente para nós, amantes dos livros. Fiquei curiosa com os nomes dos capítulos, já quero saber quais deles eu li e quais ainda vou ler (risos), esse tipo de leitura sempre aumenta minha listinha por aqui, porque as dicas são muitas.
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