Fraturas (traumas/rompimentos/quebra).
Repentinas (imprevisto/súbito/inesperado).
Fraturas repentinas atravessando corpos e existências. Estas, compartilhadas por personagens que coexistem num mesmo espaço - a cidade de Marino - mas que se independem como um corpo literário em que cada conto é um membro (e, aqui, temos sete), formando um organismo vivo, uma obra pulsante nas próprias rachaduras do leitor.
Isabela Moraes costura as palavras como uma experiente tecedora de narrativas. Em cada fratura/conto, repentina ou não, nos vemos no centro da vida de personagens diversos, que causam os mais controversos sentimentos - ora empatia, ora raiva, ora repulsa, ora amor.
São narrativas inesperadamente comuns, mas que carregam um pertencimento absurdo, potencializado, obviamente, pela minha própria experiência de vida e infância - e de cada leitor. Na pequena cidade onde essas histórias se entrelaçam, nos vemos envolvidos por inúmeros contextos que são, ao mesmo tempo, muito territorialmente demarcados, e de caráter universal inigualável (como todas as boas histórias).
Posso dizer certeira mente que o fato é que o livro conversou comigo, com minhas intimidades. São narrativas de mulheres com as quais vivi/o, diálogos que escutei (escondidos ou não) e situações nas quais já estive, como um personagem real de uma existência inventada.
Destaco os contos Fraturas repentinas (que dá título ao livro), Vigília (brutal de um jeito sutil), Ventre (o que tocou minhas lembranças) e A curva da fera (violência abrupta que surpreende o leitor de um jeito assombroso).
Leiam "Fraturas Repentinas". Isabela é uma voz potente, que já nasce dizendo a que veio.
Boa leitura!
Bom dia!
ResponderExcluirFaz um bom tempo que não leio contos, era um gênero que eu lia bastante, depois fui perdendo o hábito. Este livro, por exemplo, eu não conhecia.
Gosto mais ainda quando os contos se conectam, se interlaçam de alguma forma, parece que me fisgar mais ainda.
Fico feliz por você ter curtido tanto a leitura e pelas tuas palavras, puder perceber o quanto deve ser uma leitura enriquecedora.
Um abraço.
A importância dessa conexão entre leitor e livro é tão maravilhosa e grandiosa. Por isso mesmo que você citou: o conversar com a gente e oh, muitas vezes, nós precisamos e muito dessa conversa, seja para acalentar alguém, trazer velhas situações guardadas na alma ou simplesmente não nos sentirmos sozinhas no mundo!
ResponderExcluirA capa, o título, tudo já mostra o poder e a intensidade que estes contos trazem.
Com toda certeza do mundo, é um livro que se puder, quero ler e principalmente, sentir!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Ronaldo!
ResponderExcluirTão bom poder ler um livro de poesia que conversa conosco, principalmente porque parece algo palpável, que nos toca intimamente.
É esse o poder da poesia dominar nossas entranhas tão fascinante.
cheirinhos
Rudy
Olá! Eu sempre fico impressionada como algumas leituras conseguem mexer tanto assim com a gente! Fiquei bem curiosa em relação a(s) história(s), ainda mais para descobrir se vou acabar me identificando de alguma forma com o que é relatado.
ResponderExcluirOi, Ronaldo
ResponderExcluirGostei da sua resenha, me deixou com vontade de ler pela sua sensibilidade e emoção ao falar do livro!
Eu ainda não conhecia, mas já quero!
Adoro contos, principalmente quando estou cansada e quero uma leitura mais rápida, e esses parecem ser todos muito bem escrito.
Com maestria e também muitos sentimentos que nos deixam a flor da pele.
Livros que fazem refletir são essenciais né? Faz a gente repensar em tudo...
Bjs
Amo quando isso acontece em um livro, digo, livros com guerras, dragões e princesas disfarçadas encantam sim, mas o elo que a narrativa cria com uma história tão simples por representar a nossa rotina de viver. Incrível
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