A Cidade do Sol - Khaled Hosseini


Como sempre costumo dizer “há um livro certo para cada leitor”, assim como também acredito que “existe o momento certo para cada leitura”, e agora depois de 12 anos da compra do livro A Cidade do Sol, achei que era o momento certo para fazer essa leitura. Todos sabem pelo que o povo do Afeganistão tem passado depois da tomada do Talibã do país, e ler um livro que fala exatamente sobre a maneira como o regime Talibã trata a população de seu país é mais que necessário até para entender o sofrimento de uma nação que se sente esquecida por Deus. 
Porém é bom que o leitor saiba que essa será uma leitura que irá tomar todas as suas forças, e não tem como não ficar ao seu término completamente revoltado, aviltado, como se realmente tivesse sido espancado em praça pública sem direto a defesa.

Temos aqui a história de Mariam e Laila, duas mulheres vítimas de um regime cruel, com uma trajetória sem privilégios nem regalias, que têm suas vidas regidas pela dor e pelo sofrimento.

Mariam soube o que é sofrer desde muito nova, filha bastarda de uma empregada e seu patrão, ela sempre se manteve a margem da sociedade, mas soube disso da maneira mais cruel possível. Vivia em uma espécie de cabana com sua mãe e recebia visitas esporádicas de seu pai. Ela tinha nas visitas dele toda a alegria que uma criança podia ter, mas o destino lhe reservava emoções pelas quais ela não esperava. E sua vida que parecia tranquila de repente vira de ponta a cabeça, e o que parecia um sonho se torna um pesadelo.

Laila sempre foi a filhinha do papai, sempre vivei com certa tranquilidade, teve estudo, bons livros para ler e um pai que a ajudava em tudo e que desejava para ela um futuro esplendoroso. Laila era uma menina feliz, tinha um amigo de uma vida inteira chamado Tariq, que fez parte de sua infância e de sua adolescência. Mas sua vida foi bombardeada com fatos, privações e tragédias que culminaram em um futuro nem tão perfeito, muito menos desejado.

Duas mulheres que tiveram seus destinos entrelaçados e que viveram as piores agruras que se possa imaginar.

“Assim como uma bússola precisa apontar para o norte, assim também o dedo acusador de um homem sempre encontra uma mulher à sua frente. Sempre. Nunca se esqueça disso, Mariam.”

Uma história que vai muito além do que se pode imaginar nas poucas palavras que citei acima. Estou ainda estarrecida, imobilizada por essa leitura densa, cruel e impressionante escrita por esse autor que traz em suas palavras tantas emoções que é impossível largar seu livro. 
Eu fiquei presa às suas páginas mesmo quando não estava lendo. Quando tinha que parar a leitura para cumprir minhas tarefas da casa era na vida de Laila e Marian que fervilhavam meus pensamentos, eram tantas questões, tantas emoções que ficava difícil parar de pensar nessas duas personagens tão incríveis e sofridas.

Uma história que merece ser lida, apreciada e sentida. 
Uma leitura necessária. Leia!

Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rashid, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos.
Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser." Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Confrontadas pela história, o que parecia impossível acontece: Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a história continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do "todo humano", somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.

10 comentários

  1. Que momento mais exato para se ler uma obra tão intensa! Puxa, deu até saudade agora.
    Eu li esse livro há muito tempo,mas com tudo isso que estamos vivendo e vivenciando,mesmo que a distância lá fora, esse livro consegue captar um pouquinho, da dor que é viver lá, estar lá.
    Deu até vontade reler!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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    1. Momento certo até para dar uma perspectiva quase palpável de um mundo que parece tão distante mas que está bem ali, o sofrimento desse povo ultrapassa gerações, isso é muito triste.
      Releia, Angela, certeza que você terá uma outra experiencia.
      Bjs

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  2. Olá! Também acredito no momento certo para cada história e definitivamente, estamos no momento certo para essa leitura, ainda não tive a oportunidade de ler algo do autor, mas sei bem o quanto ela é forte e nos faz refletir por muito tempo, além é claro de ter que recorrer aos lencinhos, com tudo o que vem acontecendo no Afeganistão, fiquei ainda mais curiosa para finalmente conhecer mais dessa história e entender um pouco mais do que acontece no país.

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    1. Esse livro dá uma visão muito ampla sobre tudo que aconteceu no Afeganistão antes, durante e depois da tomada do Talibã, uma leitura necessária até para se entender através de uma ficção o que as pessoas passaram e ainda passam naquele lugar tão sofrido.
      Leia Elizete, você vai ficar impressionada com todos os detalhes e terá uma outra perspectiva de tudo.
      Super recomendo que você leia esse livro do Khaled primeiro.
      Depois me conta.
      Bjs

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  3. Leninha!
    Há muitos anos tive oportunidade de ler O caçador de Pipas e fiquei bem interessada em ler A cidade do sol, e nossa, ainda lembro da sensação que senti por vários dias, pensando em quanto somos abençoadas por não termos a rigorosidade da cultura afegã...
    Livro emocionante...
    cheirinhos
    Rudy

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    1. No livro O Caçador de Pipias você vê fatos que acontecem com alguns homens e tal, mas aqui nessa leitura você vê o que a mulher passa, passou e passará sob o regime Talibã, uma leitura indispensável e necessária.
      Leia Rudy, você vai ficar impressionada.
      Bjs

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  4. Oi, Leninha
    Também quero muito lê-lo.
    Mas sofri muito com O Caçador de pipas. Li ele rápido, mas com dor no coração, foi um um sofrimento. Não foi fácil.
    Esse autor escreve com a alma, e mostra pra gente a dura realidade do Afeganistão, principalmente pras mulheres.
    Quero muito ler, mas como você disse, acho que meu tempo para ele ainda não chegou.
    Bjs

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  5. Leninha, há tempos sem passar por aqui, andei sumida das leituras, mas não me esqueci que vc tinha feito a leitura de "A Cidade do Sol", e que eu devia ler o que vc achou desse livro. Confesso que concordo com vc quando diz que “existe o momento certo para cada leitura”. Ao contrário de vc, li logo quando foi lançado, e digo: ainda bem!! kkk porque hoje, não sei se teria estrutura para ler. Realmente ele é vívido em minha mente até hoje, e ao ler sua resenha, me transporta às páginas do livro, a história de Marian e Laila. A dor, a luta, os dias de cada uma, como elas conseguiram lidar com tudo isso, e estabelecer uma relação de cumplicidade em meio ao sofrimento. Uma realidade que choca!! Você, como sempre, brilhante nas suas resenhas!!! Uma leitura que se faz necessária. Grande abraço!!

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    1. Que bom ver você por aqui, Cali. Então, agradeço suas palavras sobre minha resenha, mas devo confessar que foi difícil externar tudo que senti durante a leitura desse livro. Com certeza uma história visceral que dói na alma, mas que precisa ser lida com o intuito de reflexão. Um povo sofrido até hoje, uma triste realidade que permeia as ruas e suas vidas.
      Um livro que recomendo com veemência.
      Obrigada por voltar, cali, sua opinião é muito bem-vinda.
      Bjs

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