Sobre quantas mãos, faces, corpos formam e compõem uma história. Torto Arado é sobre encantado, magia, amor, luta, irmandade, resistência. Do começo ao fim é sobre o esbanjar da linguagem que nos atravessa em todos os parágrafos, questões, diálogos silenciosos, coisas que persistem muito tempo depois que o livro se finda. E ele não acaba: parece continuar em nós, muito maior do que suas pouco mais de 200 páginas, revirando coisas, incomodando.
Encontrei gerações em Torto Arado, as acompanhei, me reconectei com narrativas que ouvia de minha avó, ainda pequeno, ao pé do tanque. E foi saboroso, ao mesmo tempo que melancólico e nostálgico saber ser a/s pele/s de Bibiana e Belonísia, as duas irmãs que conduzem a trama central do livro.
Dividida em três partes, cada uma contada por determinada personagem (sendo duas as irmãs), a obra nos impele ao que de mais bonito, genuíno e profundo pode haver da relação entre irmãs, sangue. Um acidente, que logo no começo, também tece o fio que nos liga a elas dessa forma tão complexa de ser, é determinante em cada coisa que acontece depois. Um romance de formação, que acompanha as duas do início de suas vidas, desde o acidente que as determinou, até sua geração de filhos, os movimentos que acontecem entre um extremo e outro de suas vidas tão aparentemente predeterminadas.
Explorando o interior de um país que não se conta pelos resquícios de um regime de escravidão que ainda persiste, o íntimo de uma terra tomada e explorada, Torto Arado é um ato de resistência. Resistência pelo afeto que une, por tradições afro-brasileiras, por uma antiguidade...
Ao tempo em que também é sobre a violência desse mesmo país. Sobre sua desigualdade, seu racismo velado - e escancarado, sobre suas feridas ainda abertas; sobre o outro lado da história que precisa ser contado, exposto, consumido. E que ganha uma voz potente e poderosa nessas duas irmãs (e numa terceira personagem, que vocês só descobrirão lendo). Unidas a ponto de terem suas vozes confundidas, mas tão diferentes e complexas entre si, cada uma resguardando sua própria individualidade e encontrando seu tom para enxergar - e contar - de uma forma diferente uma da outra.
A melhor leitura do ano (até agora) e uma das leituras da vida. Itamar encontrou e conseguiu ser uma voz que necessita ecoar e ecoar. E ecoa em nós como nunca antes.
Boa leitura!
Um texto épico e lírico, realista e mágico que revela, para além de sua trama, um poderoso elemento de insubordinação social. Vencedor do prêmio Leya 2018Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas, a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção. Um texto épico e lírico, realista e mágico que revela, para além de sua trama, um poderoso elemento de insubordinação social.
P.S.: parte dessa resenha foi publicada originalmente no IG @amantesporlivros
/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/1170618/CARTAS_DO_PASSADO_15878619281170618SK1587861929B.jpg)
/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/122505556/CHIBINEKO_1727097818122505556SK-V11727097819B.jpg)
Ainda não li...mas tá tão todo mundo e tanta gente falando dele que me "sufoca"...Daí não consigo comprar para ler, porque parece que tá na "modinha"....srsrsrsrs....Mas está em minha lista sim, para algum momento mais para frente.
ResponderExcluirRonaldo!
ResponderExcluirQue lindo deve ser esse romance de formação que mostra a saga das irmãs que passam por muitos preconceitos durante a vida, e se apegam a sua cultura e aos laços consaguíneos.
Pelo visto tem mais por trás através dessa terceira voz... só lendo para saber, né?
cheirinhos
Rudy
Tudo que li até agora, aponta esse romance como um futuro grande clássico e lendo a resenha acima, penso que estão bem certos em afirmar isso!
ResponderExcluirParece de uma intensidade, de uma vida e cultura que dão aquela ponta enorme de orgulho e também aprendizado!
Senti uma pitada generosa de ancestralidade também!
Com certeza, é um dos livros mais desejados e espero ler o quanto antes!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Olá! Mas gente, já fiquei impactada só lendo a sinopse e a resenha, então já deu para ter um gostinho do que a leitura me reserva, fiquei bem curiosa em o que essas duas personagens tem para nos dizer e mais ainda em saber quem é o terceiro elemento da história, sem dúvida vai ser uma leitura bem proveitosa, forte e daquelas que a gente leva para a vida toda.
ResponderExcluirNão conheço o livro, mas terminei de ler a resenha com um:
ResponderExcluir- Uauuu.
Sério parece aquele livro super necessário, que marca mesmo o leitor.
Olá
ResponderExcluirTive a sorte de ganhar esse livro em um sorteio. Já estou com ele aqui em casa e espero ler o mais rápido possível. Era um livro que assim que eu vi uma resenha eu fiquei com muita vontade de ler .a premissa me chamou demais á atenção e quando só vi resenhas positivas dele a vontade de ler só aumentava .
Agora vou ter a chance de ler e conhecer a vida dessas duas irmãs.
Bjs