Com uma narrativa sensível e potente, Alice Walker, em A cor púrpura, dá vida à trajetória de Celie, uma jovem menina que, desde o nascimento, conhece o sentimento de não pertencimento. Sofrendo diárias violências físicas, sexuais e psicológicas do pai, a garota que não parece pertencer nem a si mesma, só encontra afeto em sua irmã Nettie, cuja presença e proteção dão qualquer sentido que seja aquela vida constantemente roubada.
Romance epistolar, conhecemos Celie através de um diálogo infindável que ela tece, ao logo do livro, com Deus. Sem ter com que compartilhar não apenas o sofrimento, mas o medo, as angústias e até as pequenas sensibilidades inerentes à sua essência, a personagem se conecta com o leitor através das cartas que escreve para esse ser onipotente, que no imaginário de Celie é a única coisa/pessoa que, no fim, poderá importar-se com ela.
Ao longo das mais de 300 páginas, acompanhamos a evolução dessa personagem, mas não apenas; com narrativas outras que se atravessam no romance, a autora concebe uma poderosa obra sobre um racismo escancarado em um país – EUA – segregado da primeira metade do século XX.
Personagens como Sofia, Nettie, Tampinha e Shug Avery são determinantes na construção personalística de Celie. Esta última, sobretudo, é com quem Celie descobrirá as muitas facetas da vida: apenderá a encontrar uma voz que, durante toda sua existência, foi abafada; explorará seu corpo de uma forma como nunca achara possível; e entenderá que o amor e o afeto nascem dentro de nós como uma flor, que se regada, florescerá.
Mais do que um romance sobre relações raciais, A cor púrpura é também um livro sobre as universalidades do sentir. Celie é uma das personagens mais fortes e completas que já puder ler/conhecer e sua história permanece, mesmo muito tempo depois de a leitura ter sido finalizada.
É um livro grandioso que parece não se caber dentro de suas páginas. Ele transborda para nós e nos convida ao outro de um jeito único, perspicaz e com uma linguagem precisa, afiada e muito bonita.
Ouso dizer que seja leitura de vida obrigatória; ao tocar as palavras de Alice Walker, você sente o poder que as histórias têm.
Boa leitura!
Vencedor do Prêmio Pulitzer em 1983 e inspiração para a obra-prima cinematográfica homônima dirigida por Steven Spielberg, o romance A cor púrpura retrata a dura vida de Celie, uma mulher negra no sul dos Estados Unidos da primeira metade do século XX. Pobre e praticamente analfabeta, Celie foi abusada, física e psicologicamente, desde a infância pelo padrasto e depois pelo marido. Um universo delicado, no entanto, é construído a partir das cartas que Celie escreve e das experiências de amizade e amor, sobretudo com a inesquecível Shug Avery. Apesar da dramaticidade de seu enredo, A cor púrpura se mostra muito atual e nos faz refletir sobre as relações de amor, ódio e poder, em uma sociedade ainda marcada pelas desigualdades de gêneros, etnias e classes sociais.
Desigualdade de gêneros!
ResponderExcluirPuxa, há quanto tempo eu não lia esse título. Eu não li o livro,mas em contrapartida, vi o filme já tem um tempo e mesmo sendo bem antigo, não é uma obra que passe batido, pois muito dos ensinamentos ficam em nós.
A luta de Célie é um luta atemporal, por incrível que pareça, parece que é aquele livro que foi escrito ontem.
Com certeza, ainda sonho muito em ler o livro.
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Este é um livro que figura há anos na minha lista de muuuuitos desejados, e não é só porque adoro tramas epistolares, mas também pela incrível história contada. Também quero demais conhecer este grandioso livro!!!
ResponderExcluirVan.
Ronaldo!
ResponderExcluirGosto de livros que trazem a escrita epistolar.
Não tive oportunidade de ler o livro ainda, mas já assisti a adaptação cinematográfica e é totalmente comovente e doloroso sim, mas como falou, a superação e mudança de vida é o foco maior, ainda mais n aéepoca em que tudo é ambientado.
cheirinhos
Rudy
Olá! Eu tenho muita vontade de ler esse livro, não é à toa que ele já faz parte da minha lista, justamente por trazer uma leitura forte com temas tão importantes e pesados, sei que não será uma leitura “fácil”, mas não tenho dúvidas de que será marcante e muito necessária.
ResponderExcluirNáo assisti o filme e ainda não li o livro .
ResponderExcluirParece ser daqueles livros que trazem muitas reflexões sobre como o ser humano pode ser cruel com seu próximo. UMA personagem que é abusada quando criança e também pelo marido deve trazer uma grande angústia para quem lê e trazem a tona a triste realidade pelo qual muitas crianças mulheres passam e até mesmo os homens .mas aqui especificamente temos o fato da personagem ser negra .Sabemos que nesse caso a situação é ainda pior por causa do racismo.
Mas como esperança temos enfim a protagonista encontrando se a si mesma e descobrindo novos horizontes