Em Diário de uma escrava acompanhamos a saga de Laura, uma jovem que foi sequestrada e vive há quatro anos em um buraco no fundo de uma casa de fazenda. O resumo breve está longe de contemplar a profundidade dramática da obra, mas dá conta do princípio da premissa a partir da qual a trama absolutamente arrebatadora de Rô Mierling parte.
Através de uma narrativa crua, desnuda e visceral, a autora nos conduz pelos caminhos perturbadores de um cotidiano em cativeiro. Usando a personagem Laura para imergir no subconsciente de um aprisionamento, Rô Mierling disseca uma realidade que custa a ser crível de tão doentia que parece e é.
A história é narrada primordialmente sob o ponto de vista de Laura, mas não apenas. Mesmo que no começo o leitor tenha contato apenas com sua perspectiva – a de estar há centenas de dias dentro de um lugar escuro sem qualquer contato com o mundo fora do casulo sufocante – ao longo do livro temos uma mescla de compreensões que nos ajudam a ampliar a grandiosidade narrativa.
Diário de uma escrava parece seguir um roteiro de filme de suspense e horror premeditado. Certamente ao ler, se você já teve contato com qualquer cinegrafia que se enquadre em alguns desses gêneros, encontrará cenas parecidíssimas. Como a experiência da leitura costuma sempre ser mais intensa, o livro acaba ganhando proporções inimagináveis.
E talvez inimagináveis seja uma boa palavra para usarmos ao nos referirmos à história. Acompanhando a vida de Laura entre o antes e o agora, além de termos contato também com partes fragmentadas da história do sequestrador – como um homem “comum” e social – temos história curtas em paralelo sobre outras vítimas. Outras garotas vitimadas pelo monstro a quem Laura chamada impiedosamente de Ogro.
O livro é uma soma de experiências relatadas de milhares de casos que acontecem diariamente no Brasil e no mundo, de mulheres que somem e nunca aparecem ou somem e aparecem transtornadas pelos abusos que sofreram, física e psicologicamente.
É o retrato de uma realidade que custa a ser verossímil de tão cruel. De fato, para o leitor mais desacostumado, é difícil enfrentar a leitura, seja pelo peso dramático realista, seja pela mera exposição de uma realidade latente. Por vezes eu, experienciando as páginas com uma voracidade assídua, tentava me bloquear diante de tanto sofrimento exposto – e isso só mostra a força narrativa da autora.
De fato, é difícil recomendar um livro assim. E também é muito fácil. Certamente é uma leitura necessária. Mas também é uma leitura que exige certa resistência. Exige que o leitor que diante dela esteja disposto a enfrentá-la não sem se afetar, mas angustiando-se com cada detalhe, com cada luta e reação.
Você está disposto? Boa leitura e me diz aí nos comentários quais outros livros tão impactantes quanto esse vocês já leram.
Laura é uma menina sequestrada e jogada no fundo de um buraco por alguém que todos imaginavam ser um bom homem. Ela vê sua vida mudar da noite para o dia, e passa a descrever com detalhes sinistros e íntimos cada dia, cada ato, cada dor que o sequestro e o aprisionamento lhe fazem passar. Estevão é homem casado, trabalhador, pai de família, mas que guarda em seu íntimo uma personalidade psicopata. Ele percorre ruas e cidades se apossando da vida de meninas ainda muito jovens, pois dentro de si uma voz afirma que é dele que elas precisam. Mergulhando fundo nessa fantasia, ele destrói vidas, famílias e sonhos, deixando atrás de si um rastro de dor e morte.
Narrado em parte em forma de diário, o livro acompanha mais de quatro anos da vida de Laura em um buraco embaixo da terra, período em que algo dentro dela também se modifica de uma forma inimaginável em busca da única maneira para sobreviver. Publicado originalmente na plataforma digital Wattpad, onde já teve mais de um milhão e meio de leituras, DIÁRIO DE UMA ESCRAVA apresenta um retrato duro, cruel, abominável, mas infelizmente corriqueiro no Brasil e em todo o mundo.
Através de Laura, raptada ainda adolescente por um homem que ela chama de “Ogro”, a autora denuncia os diversos tipos de violência que muitas mulheres são obrigadas a suportar em silêncio e nas sombras da sociedade. O “Ogro”, um homem aparentemente comum, honesto e “acima de qualquer suspeita”, mantém Laura presa em uma casa afastada, onde abusa dela sexual e mentalmente, alegando ser ela o seu verdadeiro amor. Laura, compreensivelmente, só pensa em escapar dali. Mas agora ele parece estar mudando. Será que é o melhor momento mesmo para fugir?... Bem, isso você vai ter que ler para descobrir.
Ahh...se só de ler a resenha já dá um aperto no peito, imagina lendo o livro todo? Já tinha ouvido e lido muito pouco sobre este livro e estou aqui, tentando me livrar da agonia de pensar em tal situação.
ResponderExcluirVi um filme recentemente(3096 Dias) que me doeu até a alma. Ah, não é um filme novinho não!
Mas retrata bem isso.
Laura consegue sair? Eu preciso saber!!!!!
Beijo
OLA LENINHA não posso responder essa sua pergunta porque sinceramente não li nenhum livro que tenha essa profundidade ,mas o melhor foi eu ter tomado conciencia que preciso que ler outros tipos de livros ,algo que faça sair da minha zona de conforto E ISSO é um proposito que fiz a mim mesma .
ResponderExcluirNão sei como você conseguiu ter tanto peito para ler este livro eu sei que se trata de um assunto muito delicado mas foi uma das leituras mais difíceis que eu tive que realizar na vida e por diversas vezes cogitei em fechar o livro. Seria mentira se eu dissesse que eu não chorei com este livro. Mas o que me chamou atenção no livro foi como a personagem que encontro é sequestrada e Abusada por diversas vezes ela relata vários tipos de violência voltada a mulher na nossa sociedade eu acho que essa foi a mensagem que o livro me passou mas de forma muito bruta e agressiva Pois foi um livro que me impactou mas que eu dificilmente Voltaria a reler Por que afetou muito meu emocional
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