Uma casa no fundo de um lago – Josh Malerman

Quando um autor consegue a proeza de fazer seu nome em cima de uma estreia brilhante, tudo que vem depois pressupõe certo cuidado e atenção. Há muitas armadilhas armadas – o tal sucesso único, as expectativas do público, o medo da não superação da obra primeira.

Josh Malerman, ao escrever Caixa de Pássaros, determinou sua habilidade literária, seu talento em criar uma trama coerente e poderosa e, embora minha opinião sobre este livro termine por aqui – porque o foco é em outra história sua – de fato, acho que todos concordamos com o incontestável sucesso que foi o primeiro livro.

Depois ele lançou Piano Vermelho, que, ao contrário do primeiro, teve uma avaliação um tanto quanto negativa no skoob. Era duas moedas jogadas ao acaso, uma tirada em sorte grande, a outra não.

Então chegou por aqui o Uma casa no fundo de um lago. Não li Piano Vermelho porque a história não me despertou tanto interesse – mesmo que eu o tenha na estante com a certeza de um dia lê-lo – mas o lançamento deste novo livro me deixou com a curiosidade nostálgica do Caixa de Pássaros. Vou contar a vocês o porquê.

A história é das mais simples e diretas: um casal, Amelia e James, se conhecem ocasionalmente e resolvem sair. Ambos jovens, 17 anos, vão passear por um lago, outro lago e... um terceiro lago. E descobrem... Uma casa no fundo dele.

A partir daí a trama se desenrola – e se enrola muito – partindo do princípio de mistério que permeia aquela casa que está vazia... Mas não está vazia. Há uma enormidade entre o que são os jovens e o que é a casa. Há uma aura de mistério e extensão que mexe com eles de uma forma estranha e inexplicável.

Parece incrível, né? Uma história de jovens em um cenário incógnito. 

O livro tem proposta ótima, mas que funciona só até certo ponto. A narrativa do Josh prende pela agilidade, mas peca pelos excessos – e olha, são apenas 160 páginas que, por vezes, custam a acontecer e são deliberadamente incorporadas por uma complexidade que poderia ser usada de maneira mais ágil e menos redundante e supérflua.

Uma casa no fundo de um lago vale a leitura por momentos. Por pontuações. Tem cenas muito boas que me fizeram pensar é agora, está acontecendo; mas o autor não sustenta bem a estrutura narrativa e derrapa em farturas pedantes. A narrativa é excessiva e a impressão que se tem, ao terminar, é que o autor desperdiça uma ideia boa por não saber conduzir a trama bem.

O que é uma surpresa para mim, na verdade, levando em consideração que em Caixa de Pássaros ele conseguiu unir o útil de uma história em moldes inovadores com o agradável de se preocupar em tecer acontecimentos que justificavam o enredo (cá estou eu falando novamente sobre ele).

Mas o livro não é ruim – se você começar a lê-lo sem pretensões gigantescas. Como falei, muitas cenas funcionam isoladas e causam certo embrulho no estômago (porque ninguém pode duvidar da capacidade do autor em cutucar nossos medos). O que incomoda é a evasão dessas cenas, a maneira como elas se perdem na narrativa.

Acho que o problema foi ele ter se preocupado mais com a forma do que com o conteúdo. As duas coisas precisam andar juntas para um livro funcionar. E, embora eu não tenha gostado como esperei – e isso pode soar contraditório – continuo apostando na escrita dele.
Espero que ele aposte agora e nos próximos livros em tornar suas boas ideias em boas histórias.

Um abraço e boa leitura – é aquele ditado do tire suas próprias conclusões.

James e Amélia têm dezessete anos. Em comum, além da idade, têm o fato de estarem um a fim do outro e de serem tomados pelo nervosismo quando James chama Amélia para sair. Mas tudo parece perfeito para um primeiro encontro: um passeio de canoa pelos lagos, levando um cooler cheio de sanduíches e cervejas.
À medida que se aprofundam na exploração, os dois chegam a um lago escondido e encontram algo impressionante debaixo d'água. Um lugar perigosamente mágico: uma casa de dois andares com tudo que tem direito — móveis, um jardim, uma piscina e uma porta da frente, que está aberta.
Enquanto, fascinados, vasculham o imóvel e tentam passar uma boa impressão para o outro, cresce o medo. Será que um local misterioso como aquele esconde alguém — ou algo — vivo? Uma coisa é certa: depois de mergulhar nos mistérios da casa no fundo do lago, a vida deles jamais voltará a ser a mesma.

4 comentários

  1. Então. Este livro causou uma certa divisão pelo mundo literário. Ao mesmo tempo que li muita coisa boa a respeito do enredo, outra metade fala e muito do quanto o autor ficou no mais do mesmo. O que era para ser um suspense bem gostosinho, acabou se tornando um roteiro sem pé e sem cabeça, com dois jovens, caçando encrenca e no fundo da água.rs
    Caixa de Pássaros é meio que imbatível.Talvez esteja aí o grande furo, todos que leram Caixa, depositaram expectativas demais nos demais trabalhos do autor e ele não supriu isso, ou quis fazer algo diferente.
    Mesmo assim, pretendo ler o livro o quanto antes!
    Beijo

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  2. Ronaldo!
    Já li Caixa de pássaros e se é do mesmo autor, já me interessa.
    Sou fã de terror também!
    A maioria dos adolescentes é irreverente e vai para onde não deveria ir, né?
    É tem umas coisas bizarras, mas dá para ler e fiquei curiosa para saber essa história da casa embaixo da água...
    Quero poder conferir.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Eu me lembro que eu viajei muito Quando Comecei a ler esse livro porque esse foi um dos livros que eu li em parceria com amiga minha onde a gente não ia ler sinopses e resenhas do livro. Iriamos só nos jogar e a história quando eu comecei a ler o livro eu achei que fosse um conto sobre a cidade perdida de Atlântida de tão viajado que o livro é seguir a leitura mesmo assim e foi basicamente uma das maiores decepções que eu tive esse ano eu li o primeiro livro do autor caixa de pássaros e fiquei maravilhada com a obra sendo sincera tanto que eu fui ler esse livro Sem saber do que se tratava e eu caído Literalmente com a cara no chão. Eu não sei o que o autor quis trazer com essa história mas eu confesso que a leitura foi a mais decepcionante possível

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  4. Oi Ronaldo!
    Ainda não conheço a escrita do autor, algumas resenhas que li foram bem positivas, já outras... Mas espero ter oportunidade de ler, quem sabe eu curta a leitura...
    Bjs

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