Sempre que volto da Bienal venho não só com as baterias recarregadas como também com uma mala cheia de livros maravilhosos, e sempre — mesmo com todos os livros de parcerias na pilha —, eu escolho um dos que trouxe para ler. É como se isso me fizesse adiar um pouco a sensação de que a Bienal acabou. Dessa vez o livro escolhido foi Amor Abstrato, da Daya Alves.
Como citei no vídeo que fiz mostrando minhas aquisições da Bienal (aqui), há muito tempo a Daya — que eu considero uma amiga muito querida — já vinha me prometendo esse livro, ela gosta de compartilhar sua escrita comigo, e me sinto muito honrada com isso. Dessa vez a entrega aconteceu e eu não podia colocar seu livro na pilha, por isso e, além disso, decidi ler, e claro que eu amei.
Diferente do livro anterior que li da autora — Estarei aqui, que é divertidíssimo por sinal —, temos aqui um drama, uma história que nos traz momentos de tensão, de muito amor e amizade, e também de muita dor. E como não podia ser diferente nossa autora nos brinda com personagens que sonhamos em ver sempre nos livros que lemos. Temos aqui uma personagem afro-descendente e outro com deficiência física. Só isso já leva o leitor para outro patamar. Não temos aqui aquele casal clichê e tão visto nos romances que lemos por aí, não os desmerecendo, é claro.
Jaqueline é uma negra linda, humilde e batalhadora que já sofreu muito na vida, tem um passado marcado por um trauma que vai sendo desvendado ao longo da narrativa, além de ter sofrido bullying na escola. Mesmo assim ela lutou para conquistar seus objetivos e dar orgulho a sua mãe.
Léo é o filho do patrão da mãe de Jaque, e apesar dos dois terem sido muito amigos na época da escola, o mundo os afastou. Jaque se focou nos estudo e Léo na boa vida, nas farras e nas más companhias. Mas o destino quis unir novamente esses dois e os colocou frente a frente para lutar numa batalha assustadora, complicada e bastante difícil, para ambos.
Com certeza essa é uma daquelas histórias que nos surpreende a cada página, quando você imagina que as coisas estão andando para um final feliz eis que surge um fantasma, um trauma, um problema e afasta, une e constrange nossos protagonistas, transformando 200 páginas de uma história que poderia ser simples em algo inusitado e maravilhoso de se descobrir. Daya Alves consegue escrever com simplicidade e sem enrolação uma história completa e muito bem desenvolvida em poucas páginas. Não há como largar, como deixar o livro para depois, quando se começa a leitura só se larga quando se chega ao final.
Uma das coisas que eu achei de uma delicadeza sem par foram as citações do livro O Pequeno Príncipe, a cada início de capítulo. E cada frase dizia muito sobre o capítulo que o seguia, tornando a leitura leve e delicada.
Mais uma vez rendo elogios a essa autora que mostra que escrever é um dom e que ela o possui e demonstra isso a cada página virada. Recomendo a leitura e ainda digo mais: leia e se deixe apaixonar por personagens reais e sofridos, que entrarão em suas vidas de maneira única, e que ficarão na memória por muitos dias depois do término da leitura.
Marcados por traumas do passado, Jaque e Léo cresceram juntos, curando as feridas um do outro com a amizade típica de duas crianças. Eram diferentes em tudo. Ele, filho do patrão, e ela, filha da empregada. Com o passar dos anos, conforme Léo se tornava um típico bad boy que aproveita ao máximo cada segundo de sua existência, Jaque lutava contra as adversidades, confiante de que alcançaria seus objetivos.
Suas escolhas os separaram, mas uma grande tragédia os uniu. E caberá a Jaque utilizar de todo o seu esforço para não deixar que Léo se perca de vez na escuridão que tomou conta de sua vida.
Poderia a fé, o amor e a esperança, apaziguarem as dores da alma daquele que ela sempre amou em segredo? Jaqueline acredita que sim e embarcará nessa incrível jornada, lutando com as armas que conhece, para guiar seus passos de volta à felicidade.
Como é que se para de chorar depois de tanto carinho ?
ResponderExcluirMuito obrigada Leninha pela amizade, consideração e resenha linda.
Um grande beijo
Daya Alves
Obrigada você, Daya, por nos brindar com uma história tão linda.
ExcluirBeijo enorme.
Parece bem bonito, Leninha. Achei legal que a autora parece andar por vários gêneros, ja que o livro anterior é engraçado e esse carregado de drama.
ResponderExcluirBeijao!
Pois é, Carissa, a Daya escreve com o coração, se é para rir ela faz rir mesmo, e se é para se emocionar ela usa o drama na medida certa. Eu recomendo seus livros sem medo de errar.
ExcluirBjs Cabelinho azul!
Tão gostoso quando tem resenha de livro nacional, ainda mais sendo dos bons!!!
ResponderExcluirQue coisa mais linda de resenha! E de enredo, também!
Como não conhecia a obra, parece que a personagem principal aborda e traz em si, as marcas de muita coisa que alguma ou algum de nós, já viveu na pele. Como bullyng ou talvez até esse lance com filhos de patrões. Só quem já foi empregada doméstica um dia(e eu já fui), sabe como é isso, da distância que sempre há,mas a gente sendo menina, não se dá conta disso.rs inocência!
Com certeza, vai para a lista de desejados!!
Beijo
Eu também amo resenhar livros de autores nacionais, parece que a gente se sente mais próxima da história, como se ela tivesse sido escrita aqui do lado.
ExcluirEsse livro vai te agradar, pela superação e pelo orgulho de nossa personagem em ser o que Deus quis que ela fosse.
Leia e depois me conta.
Bjs
Leninha!
ResponderExcluirDepois vou lá ver o vídeo.
Parece um daqueles romances bem copletinhos, que trazem os dramas, diferenças socias e a diversidade abordados em seu conteúdo e achei o máximo.
Anotei aqui na pilha dos desejados.
Uma ótima semana!
“O amor é a força mais sutil do mundo.” (Mahatma Gandhi)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA AGOSTO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Acredito que você vai gostar, Rudy.
ExcluirBjs
Olá Leninha!
ResponderExcluirCada vez mais eu estou amando conhece autores nacionais e feliz pelo espaço que andam ganhando tbm...
Eu adorei conhecer o livro, já vou add aos desejados...Amei essa capa!
Bjs!
Fico feliz por isso, Aline.
ExcluirBjs
Eu acho muito triste quando você começa a ler um livro Nacional e a leitura Decepciona muito mas fica muito melhor quando você ler Outro livro do autor e ver que ele vale a pena porque a história é boa é instigante e muito divertida isso aconteceu com você ainda bem porque imagina se esse livro fosse um experiência ruim novamente? Eu ainda estou impressionada de como a autora aborda adversidade nesse livro e as diferenças sociais e o que mais me deixa feliz é ver que a literatura brasileira está avançando cada vez mais no mercado editorial
ResponderExcluirOi Carolina, acho que você entendeu errado o que eu quis dizer em relação a leitura anterior que fiz dessa mesma autora. O que eu disse é que o outro livro é um Chicklit leve, divertido e ri a beça, portanto um livro adorável, enquanto esse é um drama, bem escrito e muito bem amarrado. A diferença seria que o primeiro livro é completamente diferente desse, no quesito humor. Desculpa se dei a impressão que não havia gostado do outro livro, pois foi muito pelo contrário.
ExcluirBjs