Eu poderia começar essa resenha concentrando todos os adjetivos para Simon Vs. a agenda homo sapiens logo aqui no primeiro capítulo, mas não. Distribuirei ao longo do texto, tão sutil quanto a narrativa emblemática, jovem e significativa da Becky Albertalli - e olha aí quantos adjetivos já foram gastos. É que não dá para falar do Simon sem gastar um bocado de palavras bonitas.
Simon é um adolescente comum de dezesseis anos. E ele é gay. E ninguém sabe que ele é gay. E ele está sendo chantageado por um colega da escola porque mantém um relacionamento virtual com um garoto chamado Blue - que também é da sua escola, que também tem dezesseis anos, que também é gay, e que também ninguém sabe que é gay. É a partir daí que Becky vai desenvolver toda a história (claro que são muitas coisas além disso, mas não vou me ater a tantos detalhes resumidores).
O fato é que Simon se vê em um beco sem saída quando toda a sua confortabilidade de manter uma relação perfeita em uma tela de computador é ameaçada por um nerd que quer que o garoto arme situações para que ele saia com Abby (uma das melhores amigas de Simon). Só que... sempre há um "só que".
Li Simon assim que o livro foi lançando aqui no Brasil, dois anos atrás, e lembro que, na época, achei que ele fosse apenas um livro "comum". Eu tinha boas lembranças, mas não ótimas. Este ano resolvi lê-lo novamente por causa do filme e bem... minhas boas lembranças viraram "lembranças que ficam para sempre bem guardadinhas no fundo do coração" - eu deveria ter avisado no começo que essa resenha seria absurdamente afetada e imparcial.
O que mais gostei de perceber nessa releitura foi que a adolescência, de um modo geral e de um modo específico para jovens gays, é retratada de uma maneira real, verdadeira e completamente sincera (claro, dentro de uma realidade também bastante específica de um adolescente de classe média, branco, etc. etc.) Mas, o que quero dizer é que há muita clareza e responsabilidade na maneira como a Becky trata do tema; e aí talvez pelo fato dela ser psicóloga e ter trabalhado durante anos com esse público, logo, tem bastante matéria para explorar.
O livro é bonito de um jeito único e traduz muito bem o espírito jovem, as inseguranças características e os medos absurdos das coisas que quando a gente cresce começam a parecer pequenas. Ele tem a dose certa de dramaticidade, tem o peso bem medido de frases de efeito bonitas e tem uma narrativa em primeira pessoa - os anseios do Simon vão tomando forma e se misturando com os do leitor.
Outra parte bastante significativa da narrativa é que os capítulos são alternados entre a narrativa do Simon e a descrição da troca de emails entre ele e Blue - de longe, melhores capítulos. São neles que a gente vai descobrindo o gostinho do primeiro amor, a doçura dos sentimentos conflituosos e a nostalgia de quando a gente viveu essas coisas lá atrás, na adolescência.
Enfim, Simon vs. a agenda homo sapiens é um livro bonito sobre primeiros amores, amizades, adolescência, escola, internet, anonimato, teatro. É sobre tudo que a gente sente quando tá descobrindo tudo.
Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte.
Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar.
Agora, o adolescente avesso a mudanças precisará encontrar uma forma de sair de sua zona de conforto e dar uma chance à felicidade ao lado do menino mais confuso e encantador que ele já conheceu.
Uma história que trata com naturalidade e bom humor de questões delicadas, explorando a difícil tarefa que é amadurecer e as mudanças e os dilemas pelos quais todos nós, adolescentes ou não, precisamos enfrentar para nos encontrarmos.
Oi Ronaldo
ResponderExcluirOlha, pra minha infelicidade não me lembro de ter lido nenhum livro que o protagonista era gay, talvez essa seja a minha maior curiosidade nesse livro, principalmente por mostrar a adolescência, uma fase que já é tão complicada, imagine a pessoa estar com medo de todos descobrirem algo que vai afetar tanto sua vida?!
Acho que uma palavra que você utilizou pode definir essa história: descoberta.
Espero que a adaptação seja fiel e traga os elementos do livro!
Beijos
Ronaldo!
ResponderExcluirBom ver que o livro foge dos clichês e entendi perfeitamente o sentido que o autor quis dar as escolhas de Simon, ele apenas queria ser conhecido por quem é de verdade e não por um estigma em relação a sua opção sexual.
E mais, gosto quando um tema importante como a opção sexual, é bem desenvolvido em um livro, não o tornando trivial e sim o tornand emblemático.
“Acredite na justiça, mas não a que emana dos demais e sim na tua própria.” (Código Samurai)
cheirinhos
Rudy
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Já tive contato com algumas leituras onde o protagonista é gay. Não vou comparar com Azul é a Cor Mais Quente(pois na minha humilde opinião, o filme e o livro são incomparáveis)
ResponderExcluirMas agora com uma indicação ao Oscar de um filme que traz esse tema, o assunto voltou com força total. As descobertas da sexualidade na adolescência.
Ainda há um pouco de aversão a este assunto,mas acredito muito na quebra de tabus e isso é maravilhoso!
O livro já está na lista de desejados tem um bom tempo e ainda espero poder conferir ele em breve!
Beijo
Oi Ronaldo!
ResponderExcluirJá cheguei pra ler a resenha empolgada pois vi o trailer do filme e achei muito foooofo a história (Quero muito ver) e gostaria de opiniões referentes ao livro.
Antes de comentar qualquer coisa já digo de antemão que adorei a resenha, e agora quero me divertir um pouco com o livro e entrar dentro de toda esse drama que está contido.
Nunca li nenhum livro com o tema referente a adolescência com protagonista gay mas em geral eu gosto de livros que se passam na adolescência e mostram o que é aquele período, e como é um momento de descobertas. Atualmente também estou querendo ler "Os 27 crushes de Molly" que se passa na adolescência e mostra todo o drama dela. Mas gente o que é comparado ao drama de como contar para família e assumir para a sociedade. Entendo um pouco devido a ter vivido um pouco a experiência do meu irmão que é, o que também é um dos motivos para querer ler.
Que interessante você ter opiniões distintas com a leitura em dois períodos, mas em geral o nosso prazer na literatura muda com a idade, e ao mesmo tempo que tem livro que a gente ama e descobre que não era tão bem assim, existe alguns que não cativam e em outro momento a gente lê e acha extraordinário. Aconteceu isso comigo recentemente fazendo a releitura de "O Morro dos Ventos Uivantes", eu não tinha gostado na época mas agora analisando todas as críticas dispostas na obra passei a amar.
Com certeza o fato da autora ser psicologa ajuda e muito no retrato mais fiel dos dramas de um adolescente gay. Agora tenho certeza que irei amar o Simon e sua história.
Parabéns pela resenha, com certeza quero ler e assistir o filme também.
Oi Ronaldo,
ResponderExcluirParece que a sociedade começou a se adaptar a realidades antes renegadas.
Muito interessante sua resenha.
Você como sempre muito sensível e eu como sempre caçando a sua cara hahahhaha #Curióosa
Abraço,