Difícil iniciar essa resenha sem render flores e aplausos para essa autora que amo de paixão, que escreve com tanta emoção, e que deixa o leitor completamente apaixonado por seus personagens fortes, destemidos, além do seu tempo. Lisa Kleypas conseguiu me pagar novamente!

Temos aqui mais um romance de época encantador no qual conhecemos a história de Annabelle, uma moça que precisa desesperadamente se casar para tirar a família da ruína. Essa é sua última temporada ou seja, é o limite entre o casamento e a possibilidade de se deixar corromper e tornar-se amante de um nobre para sustentar a família tão desprovida de recursos. Eis então que por sorte do destino ela conhece três solteironas como ela, que também precisam casar — mesmo que por motivos diferentes dos de Annabelle —, e decidem se unir para ajudar umas às outras.

Então surge o plano de conseguir um marido nobre para Annabelle — já que ela era a mais velha das quatro —, e que por puro capricho, quer se casar com um aristocrata, mesmo tendo a seus pés um inglês emergente, podre de rico a lhe fazer a corte; apesar de nem ele mesmo ter se dado conta disso. Simon se encantou com Annabelle desde que a viu pela primeira vez, algo nela desperta um sentimento que ele não imagina que possa sentir por outra mulher. E nas condições em que ela se encontra: falida e necessitando de amparo, ele espera ansiosamente pelo fim da temporada para propor que ela se entregue a seus encantos e aceite seus favores, apesar de que casamento não esteja nos seus planos.

A história no geral é maravilhosa, mas uma coisa me incomodou em toda a narrativa; a insistência de Annabelle em se casar com um nobre. Poxa, Simon estava ali à disposição, querendo mais e mais e ela fazendo doce, me desculpe, mas achei demais e até um pouco cansativo essa neurose de Annabelle. Isso sem falar no julgamento feito com base na forma como Simon conseguiu sua fortuna, sendo filho de açougueiro, desmerecendo assim sua mão. Até tentei entender o porquê de tanta disposição em fisgar um pretendente a “altura” dela, mas para a situação em que ela se encontrava, acho que escolheu até demais. Mas isso é apenas uma opinião bastante pessoal minha (risos).

Lisa Kleypas escreve com maestria sobre situações da época que, graças a Deus, foram abolidas há muito tempo, eu não conseguiria me imaginar contando temporadas no desespero para me casar com qualquer nobre que se dispusesse a me aceitar, não me importando com idade, adjetivos ou se o pretendente tenha dentes. Mas vamos ser sinceros: outro século, outros costumes e nada a ver com a resenha (risos).

Com uma escrita envolvente e uma narrativa descritiva, Lisa Kleypas prende o leitor em mais esse belo romance de época. Conseguimos visualizar cenários e situações tão simples e divertidas que fica difícil não se pegar aos risos e suspiros durante a leitura. Outro ponto forte é a maneira que a autora nos mostra a relação de amizade que cresce ao longo da narrativa, entre essas quatro amigas, tão diferentes e ao mesmo tempo, com tanta coisa em comum.

Isso sem falar do latente envolvimento entre Annabelle e Simon, que cresce a olhos vistos, com cenas de tirar o fôlego por tamanha sensualidade e que dá asas à imaginação do leitor. Uma relação de amor e ódio que só apimenta os encontros entre eles. Difícil não se deixar envolver e se apaixonar por esse casal.

“Segredos de uma noite de verão” é um daqueles romances que aumentam a vontade de ler mais; e graças aos céus — e a Lisa Kleypas —, esse é só o primeiro da série As Quatro Estações do Amor. Já estou aqui ansiosa para saber como a irreverente Lilian irá fisgar o aristocrata Conde Westcliff. E que venha logo “Era uma vez no Outono”.

Super recomendo a leitura!