E o Oscar de melhor livro do ano vai para...

Olá, eu sou a Hérida do blog Lendo nas Entrelinhas e antes de mais nada, gostaria de agradecer o convite para participar da comemoração do aniversário do Sempre Romântica. Pela primeira vez não tive dificuldade com o tema proposto pela Leninha – o Oscar de melhor livro do ano.

Como minhas opções de escolha estavam muito limitadas, pois poucos livros se destacaram, me vi forçada a trapacear nas regras. Então, escolhi falar não de um livro, mas de uma série policial lançada pela editora Intrínseca em 2013 – Franck Sharko e Lucie Henebelle do autor francês Frank Thilliez. Já faz algum tempo que ando numa “vibe” de thrillers, mas A Síndrome [E] e Gataca conquistaram um lugarzinho especial na minha estante.
Você deve estar se perguntando… mas por que esses livros são tão bons?

Leitores assíduos de policiais acabam sofrendo um certo desgaste com o tempo. A maioria das reviravoltas se tornam clichês, os enredos vão perdendo o mistério e deixam de surpreender. Porém, A Síndrome [E] foi uma leitura que me “chacoalhou” … que me tirou da zona de conforto. Essa é uma questão muito pessoal, mas eu acredito que qualquer fã de thrillers policiais achará o livro, no mínimo,  surpreendente.

Para mim, A Síndrome [E] foi estarrecedor. O impacto emocional que provocou em mim, principalmente na primeira metade do livro, foi algo perturbador. Confesso que me senti apreensiva, não só pela presença de cenas de violência e barbárie, mas porque a trama mexe com psicológico do leitor e – de certa forma – somos impelidos a refletir sobre temas perturbadores. O que me deixou inquieta foi perceber o quanto nossa mente é vulnerável a influências externas e que o tal “livre arbítrio” pode ser manipulado. Isso assusta!
 
O enredo de A Síndrome [E] foi inspirado em fatos reais, e fico toda arrepiada só de imaginar que os horrores descritos no livro realmente aconteceram. A história gira em torno de um misterioso curta-metragem, cuja existência está deixando um rastro de corpos e seu conteúdo desafia a compreensão da polícia. Foi justamente a descrição desse filme que me deixou com os nervos à flor da pele. Enquanto as imagens da película eram “dissecadas” na história, eu ia ficando cada vez mais abalada com seu conteúdo. As cenas são bizarras…
 
O texto é ágil, e mesmo com um enredo tão intrincado, o autor não faz da narrativa algo didático. Fiquei colada às páginas do início ao fim. A construção dos personagens é muito singular, mas de uma forma positiva. O comissário Franck Sharko é um poço de contradição. Sua função é fazer uma análise comportamental e traçar um perfil psicológico de criminosos, porém – por uma ironia da vida – Sharko é esquizofrênico. Durante a leitura acompanhamos a luta de Sharko para manter a sanidade, e não deixar que seus distúrbios mentais influenciem seu trabalho. Uma tarefa difícil. Apesar de todos os problemas, Sharko não perde o “jogo de cintura”.
Já Lucie, é uma mulher solitária, mãe de gêmeas e trava uma constante batalha interna por não conseguir administrar bem o fato de ter que dividir sua atenção entre o trabalho e a vida familiar.

Uma curiosidade: durante a investigação, Franck e Lucie exploram inúmeras teorias. Um dos temas citados em A Síndrome [E] é o mito em torno do optograma. Conceito um tanto curioso que foi bastante popular durante a segunda metade do século XIX e os primeiros anos do século XX: a noção de que a última imagem vista no momento da morte, se mantinha impressa na retina do olho.
O tema não é de grande relevância para o contexto geral de A Síndrome [E], mas achei tão interessante que pesquisei e escrevi sobre o assunto no meu blog. Se quer saber um pouco mais sobre o mito do optograma, clique AQUI.
 
Agora, Gataca – segundo livro da série – veio para cimentar minha admiração pelo autor. Confesso que li poucos autores tão ardilosos quanto Franck Thilliez.

A trama de Gataca gira em torno do genoma humano, da estrutura molecular do DNA e a transmissão genética de determinadas características. Entretanto, Franck Thilliez vai muito além. Ele aborda, não só a biologia e suas ramificações, como também adentra na antropologia, paleontologia e evolução das espécies. Na verdade, o autor estende o tema às origens da violência e explora sua evolução, fazendo um paralelo com a lateralidade. Questionando, inclusive, sua propagação… seria algo genético ou cultural?
Os canhotos que lerem esse livro, com certeza, ficarão com uma “pulga atrás da orelha”. Alias, essa foi a intenção do autor.

Ler sobre a codificação do DNA e genética pode parecer maçante para alguns, mas eu garanto que não há nada de enfadonho. O que prevalece é o mistério em torno do tema e a tensão gerada pelos eventos apresentados. Gataca é intrigante, com um suspense bem estruturado e inteligente. O autor tem uma desenvoltura e criatividade impressionantes.
Os personagens possuem uma carga psicológica que chega a ser angustiante. São as particularidades de Frank e Lucie… os desequilíbrios, inclusive – esquizofrenia, insônia, delírios, alienação, etc. – que fazem com que sejam únicos.
 
Gataca é um thriller complexo, cujo assunto central ultrapassa os limites de um romance policial comum. Particularmente, acho as ideias do autor geniais. Tanto A Síndrome [E] quanto Gataca me deixaram de “queixo caído”.
Por motivo algum eu perderia a oportunidade de ler a série Frank Sharko e Lucie Henebelle, pois os livros são sensacionais! Os temas discutidos, a construção dos personagens e o desenvolvimento da investigação denotam o quanto o livro de Thilliez são complexos e bem traçados. Entraram disparado para minha lista como os melhores thrillers policiais que já tive o prazer de ler.

4 comentários

  1. Olá!!
    Estou entrando no mundo policial e terror agora e estou amando. Gosto do jeito como esse tema me deixa intrigada e me transporta pra dentro da história.
    O mistério desse gênero é muito envolvente!
    Quando eu vejo a frase "baseado em fatos reais" eu entro em pânico e só me deixa com mais vontade de ler, por mais que eu esteja morrendo de medo hahah
    Vou dar uma conferida nesses livros.
    Beijos

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    Respostas
    1. Ei Cláudia,
      Eu sou viciada em policiais e thrillers. Não resisto a um bom suspense. rsrs
      Leia os livros, sim. Tenho certeza de que vc vai gostar.
      Bjs

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  2. Menina, eu amo o gênero, mas tem tempo que não leio nada do tipo. Acho que o último que li foi "Grau 26" e isso já tem tempo. Esse A Síndrome [E] chamou muito a minha atenção. Vou procurar por ele qndo fizer minhas próximas comprinhas, hehe!!!

    =)

    Suelen Mattos
    ______________
    ROMANTIC GIRL

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  3. Hérida!
    Confesso que amei sua escolha. Adoro livros policiais com abordagem de análise comportamental e perfis psicológicos de criminosos. Só isso já ganha minha atenção. E se como diz, o autor é criativo, ao mesmo tempo baseado em fatos como o mito do optograma e o genoma humano, dão ainda mais veracidade, além dos conflitos dos próprios protagonistas.
    Vou ter que comprar.
    cheirinhos
    Rudy

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