Hoje o Sempre Romântica tem a honra de contar com a presença de uma convidada muito especial, a querida amiga Rejane Bastos. Para quem não sabe a Rejane é irmã da colunista aqui do blog Vivi Lima, e ela nos brinda com sua opinião comparativa do livro/filme "A menina que roubava Livros". Eu fiquei muito feliz quando ela aceitou o desafio de escrever esse post sem titubear.
Sei que opiniões são pessoais e tal, mas acredito que o post vai deixar mais claro alguns detalhes importantes e que só são perceptíveis quando se viu e assistiu uma mesma história por dois meios tão distintos como um livro e uma tela de cinema.
Então é isso, recebam a querida Rejane com um oi, e vamos conhecer sua opinião sobre o livro e filme A Menina que Roubava Livros:
Antes de qualquer coisa, começo esse post com uma recomendação: se você ainda não leu A menina que roubava livros, sugiro que leia.
Já assistiu ao filme? Então assista e tire as suas conclusões.
A minha missão hoje aqui é comentar, comparativamente, o romance homônimo de Markus Zusak e o filme, ainda em cartaz nos cinemas.
É bem provável que minha visão fosse outra, se não tivesse lido o livro antes. A expectativa para assistir ao filme era enorme, talvez pelo impacto causado pela leitura prévia. Portanto, quando a tela se agigantou diante de meus olhos, e ainda com a memória fresca, busquei as cenas, as falas, os dramas dos personagens retratados no livro que acabara de ler.
E cabe aqui uma ressalva: tendo sempre a pensar que a representação do cinema, embora grandiosa, não consegue captar e transmitir, fidedignamente, todo o universo construído e concebido pelo autor do livro.
O livro, muito bem recomendado a mim por outros leitores, realmente não deixou a desejar. O autor, Markus Zusak, idealizou e conseguiu nos transportar para uma das épocas mais tristes da história da Humanidade, a saber, o Holocausto. A frase final do livro “Os humanos me assombram”, dita pela própria Morte, concebe de forma resumida, o que foi aquela época.
No livro, a Morte é a narradora da historia e uma das protagonistas, assim como a pequena Liesel. Para quem já leu a obra, a Morte tem papel fundamental e a sua composição pelo autor possibilitou que ela se destacasse na história, envolvendo e preparando o leitor para os acontecimentos que estavam por desenrolar na trama. Com intervenções sempre precisas, às vezes sarcásticas, às vezes bem-humoradas conduz e atiça a curiosidade do leitor.
O mais curioso é que você se afeiçoa à personagem Morte. Todo mundo tem medo dela, não é mesmo? Ponto para o autor que conseguiu criar a Morte com sentimentos tão ambivalentes que seduzem o leitor.
No entanto, no filme, a Morte não teve esse mesmo papel de destaque. Na verdade, ela pouco apareceu. Ao deixá-la em segundo plano, a narrativa da trama para a telona ficou empobrecida. Outra decepção: em minha mente imaginava a Morte como narradora e não como narrador. A interpretação da personagem por um ator foi outro ponto do filme do qual não gostei.
O diretor não se aprofundou no assunto do Holocausto. Zusak trabalhou o tema com leveza, já que é um assunto pesado e carregado de lembranças fatídicas, e abordou com propriedade os fatos daquela época. No entanto, o longa não conseguiu captar, a meu ver, a essência da história proposta pelo autor do livro, como eu já previra anteriormente. A narrativa dos acontecimentos transportados para a tela ficou rasa e superficial.
Confesso que fiquei decepcionada com o que vi. Os dramas psicológicos das personagens tão evidentes na história do livro, não se fizeram presentes. Merecem destaques as atuações dos jovens atores que interpretaram Liesel e Rudy. Quanto ao elenco adulto, destaco a interpretação do excelente ator Geoffrey Rush como o pai adotivo da menina Liesel.
Uma das personagens secundárias que movimenta boa parte da trama é lutador judeu Max Vandenburg. A amizade entre ele e a pequena Liesel é um dos pontos fortes do livro e foi pouco explorada no filme. A começar pelo delineamento psicológico do lutador: um homem atormentado pelas lembranças do nazismo, debilitado física e emocionalmente por todas as circunstâncias pelas quais passou na vida. No filme, esses traços marcantes não ficaram evidentes, o que deixou uma lacuna na trama.
Entendo que existe a liberdade poética e vários acontecimentos abordados no livro foram suprimidos por uma questão de não ser possível retratá-los em duas horas de filme.
Se não tivesse lido o livro, talvez saísse conformada com a direção do roteiro proposta pelo diretor.
A sensação é de que a história com todo o seu contexto histórico foi “maquiada” para não chocar o público. Tive a impressão de que assistia a um conto de fadas e não uma história que teve como pano de fundo um importante fato histórico para a humanidade.
Indico o livro para os que não o leram, pois é maravilhoso. O filme, apenas como entretenimento.
Rejane Bastos
A qualidade dos filmes baseados nos livros são sempre inferiores a eles, né?
ResponderExcluirNão quero e nem vou assistir o filme sem antes ler o livro.
bjos
Blog DAMA DE FERRO
Éria, valorizo as duas formas de expressão: a literária e a cinematográfica. Mas, quando se trata de roteiros baseados em livros, considero importante a leitura da obra. Pois, nela está contida toda a riqueza da história.
ResponderExcluirCorrigindo: Érika
ExcluirSuas considerações batem com as minhas, mana. O filme se preocupa excessivamente com os aspectos fotográficos, provavelmente para atender determinadas exigências mercadológicas. A beleza em tudo suplanta a dor e o sofrimento gerando com isso a perda do impacto emocional sentido quando da leitura do livro. Bjs!
ResponderExcluirOi maninha! Valeu por sua participação que sempre enriquece a discussão. Concordo em gênero, número e grau!
ExcluirAi gente ! Não assisti o filme porque quero ler o livro primeiro. Engraçado que você falou a mesma coisa que uma amiga que leu o livro e depois viu o filme . Baseado em duas opiniões, mantenho a minha idéia original de ler primeiro rsrs
ResponderExcluirBjo
Olá Simone! Volte aqui para compartilhar sua impressão acerca do filme e do livro.
ExcluirValeu por sua participação :)
Olá Leninha e Rejane. Também senti falta de muitas coisas na adaptação para os cinemas, porém o filme conseguiu pincelar sentimentos bonitos que senti durante a leitura ficando apenas por aí. O drama, a complexidade do Holocausto, os motivos que levaram Max a encontrar aquela família - tudo isso foi suprimido. Concordo com suas impressões, embora tenha simpatizado um pouco mais com o filme. Ponto para os atores mirins que roubaram a cena. Abraços!
ResponderExcluirDe Frente com os Livros
Olá Clóvis! Outro ponto de vista que só enriquece o debate. Obrigada por sua colaboração.
ExcluirEntão....eu gostei bastante do filme e realmente cheguei a me emocionar..concordo que muitas coisas foram "atropeladas" e outras suprimidas mas isso a gente já esperava né?! Acho que parte da minha satisfação se deve ao fato de eu ter lido o livro muitos anos atrás e a história não estava tããão fresquinha na minha memória, assim não fiquei comparando nem esperando tanto das cenas...
ResponderExcluirPortanto fica a dica pra quem ainda não leu...veja o filme primeiro e depois complemente com o livro...talvez fique faltando detalhes no filme mas acredito que quem não leu consegue pegar bem a história e não se decepciona com as expectativas que a gente cria quando tá com a história (principalmente uma tão boa!) muito viva na memória! ;-)
Bjão.
A ordem é o que menos importa. A sua dica faz todo o sentido, Jacque. Nada impede que a leitura do livro seja feita após a leitura cinematográfica. É tudo uma questão de preferência. Agradeço a participação e a dica. Volte sempre!
ResponderExcluirMeu marido me convidou para ver o filme, pois tinham falado para ele que era muito bom. Eu não li o livro ainda, e gostaria de ler antes, mas sei que se fizer isso, não vou gostar do filme, pois estes dramas psicológicos dificilmente são passados para a tela, como você bem salientou.
ResponderExcluirBjs, Rose.