Mais uma vez Maeve Binchy me encantou com uma história, e acreditem, não foi uma história simplista. Foi um prazer inenarrável rever velhos conhecidos, e ver que suas vidas continuaram, seus sonhos tiveram sequência. Você pode estar se perguntando: Do que a Leninha está falando?! Eu explico. Estou falando do prazer que foi reencontrar os personagens do livro Coração e Alma, da mesma autora, aqui nas páginas dessa nova história.

Foi como rever os amigos, saber como seguiram suas vidas e ter a certeza de que um livro não acaba quando se fecha a última página, é isso que essa saudosa autora nos passa durante a leitura. É como se a vida dos personagens não terminasse no livro anterior e, em À Espera de Frankie, a autora desse seguimento a elas, agora com um fio condutor diferente. E é aí que entra Frankie, um bebê que vai bagunçar e arrumar a vida de muita gente.

Noel é alcoólatra e isso o torna um homem recluso, desanimado com a vida, sem perspectiva nenhuma de futuro. Até que uma notícia modifica tudo, e é esse o mote da história, a chegada de Frankie, sua filha, um fato que pode alterar completamente sua vida e a de todos que o cercam.

Foi bem interessante descobrir que algumas coisas que acontecem nas nossas vidas podem transformá-la e virá-la de pernas para o ar, ou simplesmente, de certa maneira, colocá-la nos eixos.

A vinda da pequena Frankie transforma a rotina dos habitantes da vila de São Jarlath, em Dublin, onde Noel e todos os outros protagonistas da trama vivem, e é aí que revemos queridos personagens do livro Coração e Alma. Eles estão todos lá, dando continuidade a suas vidas, se fazendo presentes em lugares e em situações comuns, dando vida a novas histórias. Porém o livro não é sequencial, eles são individuais, apesar dos personagens transitarem entre as histórias, ligados pelo fio condutor comum.

Um belo romance que nos ensina várias lições de amor, amizade, tolerância, companheirismo, discernimento, mas, acima de tudo, de união. Todos os assuntos tratados na narrativa são comuns no dia a dia de muitas pessoas; médicos e seu envolvimento com os clientes, pessoas que se apaixonam e sofrem, lares desfeitos e corrompidos pela infidelidade, e a busca pela felicidade e pelo bem comum. Aprendi muito com a escrita dessa autora que com certeza deixou órfãos muitos leitores.

Maeve Binchy faleceu em 2012, mas antes escreveu essa bela história que toca pela simplicidade dos fatos e pela sensibilidade dos seus personagens. Senti-me literalmente desamparada depois do término da leitura, porque sei que talvez eu não veja mais essas pessoas tão queridas em outras histórias. O livro tem um final plausível, mas agora sinto que a autora deixa um gosto de quero mais ao seu término e que chama por outro livro, não sei se ela teve tempo de escrever, mas eu ficaria muito feliz em rever essas pessoas queridas que formam uma grande família, com seus defeitos e qualidades, porém felizes.

Eu recomendaria a leitura dos dois livros, mesmo sabendo que as histórias são totalmente independentes, vale a pena ler e se familiarizar com essa grande reunião de pessoas simples e adoráveis. Com certeza sentirei saudades!